29.10.12

Investigando a dor no ciático e desenhando suas causas possíveis


Por volta do mês de setembro do ano passado, 2011, pela primeira vez tive uma crise de dor no nervo ciático, o nervo comprido que passa por trás da coxa e da batata da perna começando na base do quadril e que vai até o calcanhar.  É uma dor terrível, que impede de caminhar e sentar direito, minha mulher Monica convive com uma hérnia de disco e tinha tido algo parecido muito tempo atrás mas eu nunca imaginei que poderia acontecer comigo até aquele dia.

Dizem que a medicina oriental acredita que quando a pessoa está mal, ela fica doente, por outro lado, a medicina ocidental acredita que quando a pessoa pega doença, ela fica mal. Parecido com o que a psiquiatria chama de sublimação. Desde que conheci esse pensamento comecei a considerar toda a doença uma consequência do modo de vida, rotina e estado psicológico do indivíduo e fico prestando atenção nos sintomas pra tentar descobrir a causa da doença para poder agir sobre ela e conseguir a cura. Mais ou menos assim: se você está com dor nas costas é porque não quer continuar carregar algo - responsabilidade, tarefa, etc - pesado ou em excesso, se está com torcicolo é porque não quer olhar para os lados, se recusando a ver ou prestar atenção às coisas ao redor, etc.

Desta forma, uma dor que impede vc levantar, caminhar, seguir em frente, poderia ser interpretada como algo ligado a interrupção da rotina, dificuldades para avançar, preocupação com algo presente no dia a dia, etc.  Como a consciência ou solução da causa comportamental não necessariamente interrompe de imediato os sintomas da dor e doença física e seu reflexo no organismo, segui investigando todas as variáveis que podem ter desembocado em uma crise tão aguda.

Eliminando outras possíveis causas

A dor começou no dia seguinte a uma noite que dormi em uma posição na cama que não costumava usar, de bruços, com uma das pernas dobradas. Por um instante pareceu confortável, fiquei encaixado nas cobertas e meio sem querer adormeci ficando um bom tempo nesta posição. Quando a dor apareceu de manhã, logo achei que a causa era isso.

A Monica tinha outro palpite, eram as torções de tronco e pulos no basquete, que eu praticava até 3 vezes por semana e que anos antes já provocara uma dor nas costas que aconteceu quando depois que entrei na quadra sem aquecimento e alongamento apropriado para alguem da minha idade (47 anos). Interrompi imediatamente a frequencia aos jogos no Sesc Consolação e substitui por treinos de natação, apenas os estilos crawl e costas, evitando é claro nadar os estilos borboleta e peito, que forçam a coluna e exigem movimento mais bruscos.


Como minha primeira suspeita era que a dor fosse decorrente da posição no sono, achei que passaria rápido, em alguns dias. Mas em vez de diminuir, a dor no ciático começou a aumentar. Em um esforço de memória, lembrei que dias antes, tinha tomado conhecimento da febre do passinho do funk, que mistura movimentos de frevo, incluindo agachamentos e posições acrobáticas com os pés, me empolguei e tentei reproduzir alguns passos daquela dança peculiar.

Depois da trágica experiência coreográfica e flagrante limitação física, nunca mais arrisquei nada parecido com a dança, se remotamente acontecesse uma recaída a saída seria modificar os movimentos cujo sucesso inicial foi atribuído a um artista chamado "menor da favela", adaptando para algo mais lento, quase estático, com menos amplitude e radicalismo, uma nova interpretação tipo o passinho do funk do "véio da favela".


Investigando outras possíveis causas, lembrei também que meses antes da dor aparecer tinha cismado de trocar meus calçados, deixando de lado os tênis na linha aventura da marca Timberland que costuma usar. Depois de assistir muitos filmes da máfia japonesa dos diretores Takeshi Kitano e Takashi Miike, cismei que ia começar a usar apenas tênis da marca Asics ou Mizuno. Comecei com um de solado baixo, muito mais fino do que estava acostumado a usar. Nem de longe parecia com meus antigos tênis, onde absorver impacto era a proposta e a razão de ser daqueles calçados supostamente feitos para andar sobre pedras de riachos, montanhas e trilhas íngremes.

Pra eliminar também esta hipótese, abandonei imediatamente o tênis de sola fina que estava usando mas pra não deixar de lado minha decisão estética de mudar o visual nos pés não voltei pro Timberland, resolvi começar a usar um tênis de corrida Mizuno. E pra não descartar meu novo tênis urbano da Asics (ou seria um sapatênis?), comprei palmilhas de gel extras pra ajudar no impacto.

Observando minha posição ao sentar, percebi que a dor iniciava e era mais intensa no local que ficaria o bolso direito traseiro da calça, onde guardava minha carteira e tudo que carregava dentro (cartões, moedas, chaves, etc). Para ajustar ao volume, vi que acabava torcendo a coluna, sentando meio em diagonal, e que essa postura esquisita poderia ser uma das causas que desencadeou a dor no nervo ciático.

Esse meu hábito de carregar e sentar sobre a carteira forrada de bugigangas era antigo, e com o tempo pode ter causado a má postura que sobrecarregou o nervo. Investigando melhor os itens, vi que pouco tempo antes da dor aparecer, eu tinha começado a carregar uma caneta do Google que ganhei de brinde, feito de plástico resistente, em formato de kibe ou torpedo. Na hora deixei de carregar esta caneta e troquei por uma menor e de características menos agressivas :-)

Passei a tirar a carteira do bolso antes de sentar para o trabalho ou para comer e prestar atenção para não entortar a coluna, do jeito que estava acostumando, uma acomodação perigosa do corpo ao volume extra do bolso sobre a cadeira.

Tratamento

Toda essa investigação para a descoberta destes possíveis culpados, foi feita paralelamente a idas mais frequentes ao quiropraxista Massahiro Takeshita, com suas massagens e shiatsu diretamente no local. Indicação da minha mulher, ele morou e estudou no Japão e já tinha aliviado as dores nas costas dela, que também faz natação para evitar novas crises. Antes da terapia intensiva, 1 ou até 2 vezes por semana, eu já fazia sessões mensais pra aliviar as tensões musculares decorrentes da postura repetitiva no trabalho ou causadas por viagens longas de avião.

O Massahiro também recomendou usar uma almofada na cadeira, pra amenizar a posição incorreta e curvada da base do quadril. Durante todo o tempo, apesar da dor, evitei tomar analgésicos ou medicação, preferindo priorizar a mudança de hábitos e posturas, eliminando cada possível causa daquela crise inédita no nervo ciático, com a qual convivi por cerca de 3 meses. Além de adotar a natação, conseguindo manter a atividade física sem forçar o corpo com impactos doloridos, também comecei a fazer sessões de alongamento e exercícios abdominais diariamente ao acordar. Depois de todo esse tempo neste tratamento intensivo a dor finalmente desapareceu por completo e minha nova rotina novamente incluia a normalidade em sentar, levantar, caminhar e jogar basquete.

Aproveitei o registro desta história com final feliz (por enquanto) pra ilustrar o post com desenhos que fiz no celular Android testando o app Peitureroid.


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