O que tem de bom hoje na TV? Nada
Por Lucas PrettiSão Paulo, 23 (AE) - Corra para os jornais, pergunte para os vizinhos ou até se exponha na internet. Mas nada de televisão. Uma campanha iniciada hoje propõe o radicalismo contra o que chama de "consumismo desenfreado" provocado pela telinha. A proposta do "Desligue a TV" (www.desligueatv.com.br) é que os brasileiros fiquem sem pegar no controle remoto até domingo, dia 27. Você agüenta? A ex-publicitária e psicóloga Maria Helena Masquetti, uma das organizadoras, tentou explicar essa história.
Esta é a última semana para declarar o Imposto de Renda. De acordo com a campanha, não posso buscar informação na TV. O que fazer se for minha única opção?
Maria Helena - Pode ligar o rádio, procurar um jornal, há mil formas. A informação via TV não é necessariamente a mais completa e sim a mais atraente, com o intuito de lucrar com publicidade. O fato de pensar alternativas já atinge o objetivo da campanha, que é desenvolver uma massa crítica para questionar a presença da TV no dia-a-dia.
Generalizar não é sempre um erro? Não há nada de bom hoje na TV?
Maria Helena - Diria que nada; está muito difícil achar alguma coisa de bom. O que está acontecendo de errado não é apenas o conteúdo, mas o uso que se tem feito da TV, tanto pela comunicação mercadológica quanto por quem assiste. Nós fazemos um convite à reflexão: por que vivemos em função da televisão?
Precisa ser tão radical?
Maria Helena - O movimento tem essa marca da palavra "desligue", mas a idéia é "desligue a TV para pensar como usá-la". Ela já dominou muito a capacidade de decisão da pessoa. Em um namoro, às vezes não se propõe um "tempo"? É a mesma coisa. Depois pode ligar de novo, mas com perguntas, questionando. Principalmente no caso de crianças, que têm nos pais o exemplo de pessoas prostradas em frente à televisão.
Então como deve ser a educação na prática? A criança pede para ver o mesmo desenho do amigo na escola e o pai deve dizer o quê?
Maria Helena - É mais do que isso. Os pais precisam atuar efetivamente e não ceder ao convencimento da criança. Não é a criança que sabe o que é melhor para ela. O que importa é a atitude, o filho perceber que o pai determina o que é melhor. A própria mídia é culpada por essa mensagem de "todo mundo tem" que a criança usa como argumento. Crianças precisam de experiências reais, sensoriais.
A internet pode ser tão ou mais "perigosa" que a televisão. Mas internet não é "proibida". Por quê?
Maria Helena - Dos males o menor. Precisamos começar por algum ponto. Quem já tem iniciativa de desligar a TV para assistir a um DVD ou ligar a internet, já conseguiu passar de uma posição passiva para uma ativa. Já é um movimento. A partir da primeira decisão, vêm outras, que podem incluir a reflexão sobre a internet.
Você é publicitária. Quer dizer que conhece o "outro lado" da mídia?
Maria Helena - Fiz muita publicidade! Virei psicóloga para me redimir um pouquinho (risos).
Você tem TV? Assiste a quê?
Maria Helena - Uma só, grandinha, na sala; não devemos ter televisão nos quartos. Sobre a programação, eu presto atenção em filmes (mas odeio comerciais), algumas entrevistas e notícias.
Publicado originalmente no Yahoo! Tecnologia.
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