8.8.08

Tecnologia Nipo-Brasileira e 100 anos de Imigração

Durante todo este ano comemorou-se os 100 anos de imigração japonesa no Brasil, em 1908 com o desembarque dos japoneses em Santos/SP e o marco do início do fluxo de imigrantes que durou até os anos 50. Japoneses e descendentes colaboraram principalmente no desenvolvimento agrícola, na introdução de novas espécies de frutas e legumes e nos hábitos alimentares.

O país hoje é grande exportador de soja, base alimentar de países do oriente, mas era inexistente na chegada dos primeiros imigrantes. Apesar disso, a primeira fábrica de molho de soja fora do Japão foi criada na Fazenda Tozan em Campinas/SP, em 1927, e décadas depois foi cenário da locação da serie Haru & Natsu, filmada pela TV japonesa.

Entre as empresas fundadas por imigrantes, a Jacto, especializada em equipamentos agrícolas, resiste até hoje. No início, com aplicadores de inseticidas para uso individual de pequenos proprietáarios rurais, agora fabrica máquinas de grande porte. Nota no suplemento agrícola do Estadao - Jacto lança colhedora de laranja - publicada em 23/04/2008, conta do invento da empresa fundada em 1948, com sede em Pompéia/SP. Segundo o gerente de produto de colhedoras, Walmi Gomes Martin, a empresa investiu US$ 3 milhões e levou 10 anos para desenvolver a Jacto K5000. A colhedora foi planejada pelo Centro de Pesquisas da Jacto para as condições dos pomares brasileiros em relação ao espaçamento, a altura das plantas e a declividade de terrenos.

No site Japão 100 o registro da matéria O ritmo japonês das fábricas dos imigrantes conta a história do fundador da Jacto e lista as 20 maiores empresas nipo brasileiras segundo a Revista Exame (Seleções Econômicas) em 1986 - por ocasiao do 80 aniversário da imigração, são elas: Coopercotia, Banco América do Sul, Cooperativa Sul Brasil, Maeda, Matsubara, Cotia Crédito Rural, Takenaka, Óleos Pacaembu, Sansuy, Nakata, T. Tanaka Importação, Motorádio, Nossa Senhora da Penha (papéis), Jacto, Kitano, Gyotoku, Ito Ovos, Bratac, Papelok, Granja Saito. Décadas depois muitas destes empreendimentos desapareceram com o fim das barreiras de importações e do período inflacionário (bancos e cooperativas) e outros foram comprados ou absorvidos por multinacionais.

Ao lado dos imigrantes empreendedores, projetos inter-governamentais, principalmente nos anos 70, deram origem a agricultura no Cerrado, a estaleiros e a industria de Celulose. Matéria na revista da Cenibra (Celulose Nipo Brasileira) lembrou o centenário da imigracao citando o japones Shunji Nishimura, que ao lado de mais 4 agrônomos desenvolveram em 1980 a primeira colhedora de cafe do mundo. Inspirada em uma máquina de colher cerejas dos EUA, iniciou a mecanização do trabalho que justificou a chegada dos primeiros imigrantes, história da qual eu mesmo faço parte.


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