Semana passada a
Tayra Vasconcelos, com quem trabalho na Espalhe, escreveu em seu blog que uma das resoluções de ano novo seria exercitar o desapego aos bens culturais. Por causa da mudanca de residência e o trabalho na divulgação do projeto
Livro Para Voar, onde postos da Ale Combustíveis se tornaram zonas oficiais de Bookcrossing no Brasil, Tayra agora libertou livros de seu acervo, depois de doar dvds, cds, e brinquedos que mantinha em sua antiga casa. Você faria o mesmo? Também acha que a informação e o conhecimento pode ser mais importante do que a posse do objeto que a contém?
O movimento Bookcrossing lancou em 2001 o conceito de troca de livros, incentivando até mesmo o abandono deles em lugares públicos ou em zonas específicas, onde cada exemplar quando cadastrado no site pode ser identificado, comentado, rastreado e acompanhado por outros participantes do projeto. Matéria no suplemento Vitrine da Folha de SP -
Corrente Literária (para assinantes) - publicada em 12/04/2008, explica como funciona o Bookcrossing e destaca na mesma edição que o
Interesse Cresce no Brasil. Por aqui, os filiados ao movimento passaram de 200 para 3.700 nos últimos 5 anos, no mundo todo eram 600 mil com 4,6 milhões de livros incritos na época da reportagem.
A primeira zona oficial de
Bookcrossing em São Paulo foi a creperia
Central das Artes, Helena Castello Branco, fundadora do ponto acredita que o livro deixado em uma zona oficial tem mais retorno do que os simplesmente deixados na rua. Segundo a estimativa dos organizadores menos de 5% dos livros deixados em lugares públicos sao registrados no site, na zona oficial mantida por Helena este número sobe para 15%. A própria reportagem da Folha libertou 3 livros em lugares públicos e na Central das Artes, mas nenhum deles havia sido cadastrado até o fechamento da edição. Depois da reportagem, além dos postos Ale, surgiram outros pontos oficiais na cidade, os
restaurantes America e o
bar Salommão.
Outros movimentos de troca de livros também podem ser destacados, nota no Estadão -
Pegue, leia e deixe o livro em um local público - publicada em 28/10/2008, também cita a Semana do Livro Livre promovida pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (
CPTM). A campanha disponibilizou 5 mil titulos e 15 mil exemplares em 27 estações de trem na grande Sao Paulo. Maria Candida de Assis, idealizadora do projeto que também recomenda que o livro recebido seja abandonado em algum lugar público depois de lido, acha que a afirmação de que o brasileiro não lê é uma mentira e o que as pessoas não tem e acesso ao livro. Escritores e poetas aproveitam o evento para lançar e divulgar seus livros, o Estadão citou o autor Sergio Castro Barreto e Rubens Neco da Silva, que participa do projeto pela terceira vez desde que que foi iniciado em 2006.
Outra iniciativa de destaque e o
LivroLivre.art.br, que promove blitz literarias em feiras, faculdades e eventos literários. Segundo Pedro Markun, o site foi criado e inaugurado na Feira Literaria de Parati (
Flip) ano passado. Ele ficou incomodado que a cidade, que na Flip chega a reunir milhares de visitantes, profissionais do mercado editorial e a atenção da midia nacional, tem apenas 1 biblioteca e 1 livraria.
Para quem quer se desfazer de seus livros mas ainda acha que não tem o desapego suficiente, sebos e sites de leilão (como o
Mercado Livre) podem ser uma opção. Nota da colunista Flavia Oliveira no jornal O Globo -
Estante Virtual Adota Cartão (scan em jpg) - publicada em 10/12/2008, conta que as pessoas que vendem livros pelo site respondem por 8% das transações do portal
Estante Virtual. Estes usuários sao chamadas de leitores-livreiros, que convivem com cerca de 1.200 sebos e livreiros do Brasil. Criado em 2007, tem em catálogo 3,4 milhoes de livros e seu criador e diretor Andre Garcia espera dobrar as vendas este ano com a opção de pagamento com cartão de crédito, alcançando a soma de R$ 36 milhões.
Doando, trocando ou vendendo, o importante é que iniciativas como esta incentivem cada vez mais a leitura e a educação. Chamando atenção para dismistificar o livro como um objeto fetiche, as vezes idolatrado como simbolo de uma elite intelectual e social que foi posto em cheque por outros meios eletrônicos e agora principalmente pela internet.
Post publicado originalmente em meu Blog no Yahoo! Tecnologia.Posts relacionados:-
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